3 de mai. de 2013

Herói... brasileiro? ( Apenas um ponto de vista )


Este post nasceu de um comentário que fiz no Facebook e que achei pertinente postar aqui também. 

 Minha intenção NUNCA foi de acender um debate ou suscitar animosidade, mas dar o meu ponto de vista sobre um assunto que sempre gera polêmica entre desenhistas e fãs de quadrinhos, que é a produção nacional de HQ's e heróis "nacionais" nos moldes gringos.

 Desde já ( como falei lá ) não quero que ninguém fique ofendido comigo, é apenas um ponto de vista como já falei. Leio quadrinhos desde os 8 anos de idade e sempre fu ifã ( como milhões no mundo todo ) dos heróis americanos: Homem-Aranha, Superman, Batman, X-Men, Conan e etc etc etc e mais etecéteras...

  "Esse lance de 'herói nacional', nos moldes americanos, SEMPRE soará AQUI como cópia e coisa 'made in Paraguay'. 

Mas por quê? 

Por que não tem qualidade? De jeito nenhum, tem qualidade até demais - na arte, nos desenhistas, etc etc ou seja - talento aqui no Brasil não falta. FATO. 
 Onde está o problema?? Deixando de lado o 'lado fã' por um minuto e refletindo cem imparcialidade - cada lugar, ou país, ou continente tem um contexto diferente, uma mentalidade diferente e ''nasceram'' com culturas e manias diferentes e tudo isso - essa "sopa" - vai refletir meio que no imaginário das pessoas de lá ( ou mesmo daqui - já disse que fou fã de quadrinhos desde os 8 anos ). 

Exemplos: 

-nos países nórdicos temos os 'vikings' 

-Europa - sempre tem o lance das coisas medievais, cruzadas, intrigas palacianas, cavaleiros, 

dragões etc 

 -Japão e 'afins' - samurais, e geralmente heróis alienigenas e coloridos que todo mundo conhece,

EUA - os heróis que conhecemos e que geralmente refletem o imperialismo americano de forma figurada e a cultura pop de um modo geral. 

O Superman nasceu nos anos 30, durante a grande depressão e ficou até hoje, passando por tooodos os heróis criados e chegando até a "Star Wars" e "Star Treck" ( reflexo da corrida espacial e da guerra fria ) - o 'sonho americano' de controlar o mundo todo e até o universo. 
Fora que os Estados Unidos se colocam como 'xerifão' do mundo - eles querem resolver tudo, amenizar tudo, guerrear com tudo e com todos. Querem ser os senhores do mundo. 
Os últimos filmes estão dando até um contexto 'histórico' pra justificar algumas coisas ( no Transformers foi a corrida espacial, no X-Men Origins foi a guerra fria e a crise dos mísseis de Cuba ) 

 Ou seja - TUDO é reflexo de cada lugar. Imaginemos 'vikings americanos'. Ou castelos e cavaleiros nos EUA... não dá. Samurais europeus ou um Superman japa - dá pra imaginar???? 

 Criaram um enlatado americano nos moldes dos 'changemans' lá do Japão e, apesar do sucesso ( entre a gurizada ) ficou completamente esquisito e deslocado. E nem to citando a questão de se vender o produto, que foi este o caso ( e até venderam bem )...

 Daí - no contexto brasileiro ( ou latino americano ) - temos o quê? O que poderia ser usado como reflexo DAQUI? Ou mesmo da América Latina? do Sul? 

Eu sei que o que vale é a fantasia, a chamada 'suspensão de descrença' etc e tals, de vibrar com os mega poderes que essa turminha tem... Mas esse lance de herói nacional nos moldes gringos sempre vai soar como cópia, como algo deslocado do nosso contexto, sempre vai soar como coisa 'underground'. 

Por isso muita gente não leva a sério. Por que os desenhistas nacionais mais aclamados, digamos assim, não estão trabalhando arduamente AQUI dentro? Contribuindo com a produção nacional de "heróis"? 
 Por mais boa vontade que se tenha, por mais sonhador que se seja, creio que o passo certo seria criar algo nos moldes daqui, ou num molde e contexto latinos, sei lá, mas creio que pode ser criado sim. Sem ter que apelar pra carnaval e futebol, pelo amor de Deus... 

Dois exemplos - que não é no contexto HQ nem heróis, mas reflete algo nosso, do nosso quotidiano e que foram sucesso inegável: Cidade de Deus e Tropa de Elite - foi uma coisa DAQUI, de problemas DAQUI, da realidade DAQUI. 

"Pow, mas vc ta falando em cinema e o caso não é esse..." 

To falando em algo que seja DAQUI e que fez/faz sucesso - porque a produção nacional de heróis não pode ser algo também DAQUI? Será que aqui não temos nada pra se trabalhar, lapidar e vender - sim, porque não? - lá fora??? 

Daí é imaginação e criatividade, o sucesso seria consequencia. Espero que ninguém fique chateado comigo, porque a intenção não foi essa. Foi somente o ponto de vista de um fã de quadrinhos e heróis ( de todos os contextos e lugares ) assim como vocês."

Abraço

12 comentários:

  1. Eu concordo Betto, mas também vejo por uma outra via que é a seguinte.

    A questão cultural ela é relativa ao período histórico, ela carrega sim uma raiz eterna, que no nosso caso vem muito do lado Indigena, Portugues, Africano, mas ao mesmo tempo também temos aquelas que se constroem aqui no periodo contemporâneo como você colocou bem ao citar o Tropa de Elite que retrata de forma clara a questão da corrupção nos Poderes, entretanto, neste mesmo periodo a gente também vai sofrer influencia de fora, vamos sofrer SIM influencia da cultura Americana a medida em que somos expostos à industria cultural de lá.

    Então nesse caso o que acontece? Novas culturas vão se formar aqui no Brasil, influenciadas por toda parte do mundo, da mesma forma que no passado tivemos o mesmo tipo de influencia vinda de Portugal e Africa. Neste caso os Super-Herois passam sim a ser também uma realidade nossa, eles carregam a assinatura americana, mas um mundo que se globaliza aos poucos dissolve essa assinatura trocando-a por selos de todo canto do mundo.

    Agora isso é desculpa para se copiar algo? De forma alguma! O que eu vejo entre os artistas daqui é uma tentativa de copiar aquilo que eles acham legal, e esse é o grande problema, eles acham que a arte parte do principio da reprodução, e estão absurdamente enganados... fazer arte é o inverso da reprodução, é sempre inovar, criar coisas novas e diferenciadas.

    O cara pode sim criar um Heroi Brasileiro ou um Viking Americano, mas tem que ser diferente de qualquer outra coisa que já fizeram, um exemplo claro disso é o Chapolin... Chesperito observando a cultura americana, resolveu fazer um Heroi Nacional para o Mexico satirizando o contexto daquele período... e a coisa funcionou tão bem que virou um classico.

    Daí nós viramos os olhos pra cá e TAMBÉM tem quadrinista tentando copiar o Chapolin, vestindo ele de verde e dando outro nome... Esse é o problema, não se cria algo novo, apenas se reproduz aquilo que já foi feito... Assim não rola, vai surgir e cair no esquecimento pouco tempo depois.

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    1. Complementou com maestria, grande Thompson!!!!!!!
      É verdade, a turma ao invés de criar, prefere copiar, isso é horroroso.
      Se procurarmos os contextos e fontes certos, podemos criar sim - heróis ( ultimamente acho esse termo meio avacalhado, não sei porquÊ... ) que se coadunem com a nossa realidade.
      Heróis "militares" aqui não rolam - tivemos uma droga de uma ditadura sangrenta num passado recente... Fica um ranço no ar.
      Heróis policiais também são meio difíceis, haja vista a nossa realidade com esses 'empregados' do Estado...
      Mas sobra espaço pra , sei lá, grupos de elite especializados, secretos, combatendo corrupção ou mesmo o narcotráfico nas fronteiras ( algo que poderia ser aproveitado tendo em vista o pano de fundo 'químico', digamos assim, já fica uma brecha pra possíveis mutações, sei lá heheheh )
      Agora não sabia desse lance do 'clone' do Chapolim - tem mesmo????????

      Abraço, mermão!

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    2. Pois é... particularmente eu enxergo o processo criativo de forma bem aberta, onde é o artista que dita as regras... até acho que o "Herói" Militar que você citou, ele funciona também, mas não no contexto de Bem e Mal, pra ele funcionar teria que romper com essa noção de bem e mal, teria que ser um Anti-Heroi e caberia ao roteiro dar ao leitor uma história divertida para complementar a ideia.

      Essa seria a forma inteligente de trabalhar o personagem, enquanto o idiota simplesmente copiaria aqueles quadrinhos de guerra americano dos anos 60-70, e com isso criaria outro clone mal feito do qual a gente está reclamando, soando altamente hipocrita ao proclamar um Militar como encarnação do Bem.

      Agora pra criar um Heroi Classico, aquele representante da Justiça, daí o foco teria que ser no estudo das Catarses atuais, pra conseguir criar um "Vingador" que não soe Hipocrita. (Quem vem fazendo isso muito bem ultimamente é o Tarantino, vale a pena observar o trabalho dele.)

      Quanto ao Clone do Chapolin, já vi vários... eles tentam criar herois atrapalhados da mesma forma que Chespirito fez, algum deles conseguem até superar essa relação e produzir um conteúdo mais interessante e criativo, satirizando a propria condição de clone como é o caso do Homem-Grilo... outros nem isso, não passam de copias descaradas.

      Todos eles são validos, não estou querendo ditar como as pessoas devem trabalhar seus personagens... mas estou dizendo que esse tipo de coisa se limita à fan-art, e nunca será um classico.

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    3. Perfeito, grande Thompson.

      Resta apenas esperarmos que algo aconteça no cenário nacional que abale as estruturas. Torço por isso, com sinceridade.
      Como eu disse pro amigo Adriano Fonseca - eu sou péssimo pra criar, sou bom leitor, e muitas vezes crítico, mas infelizmente , pra quem está nisso há anos e já acompanhou toda sorte de saga gringa - as boas, as que realmente valeram a pena acompanhar com ansiedade os próximos capítulos - fica muito fácil perceber falhas, que podem passar despercebidas ou não, depende.
      Fica até chato ficar percebendo as falhas de continuidade rítmica, sequencial, furos de roteiro, histórias fracas etc.
      Mas torçamos por um renascimento no nosso meio quadrinistico, porque - sem ser pessimista - às vezes me parece que já nasceu meio morto...

      Grande abraço, brother

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    4. Complementando - meio quadrinistico de heróis, claro, porque temos pelo menos um exemplo de sucesso inegável e modelo exportação até ( tem em mais de vinte países ) como a Turma da Mônica.

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  2. Esta questão de herói nacional é bem complicada, tendo em vista o nosso passado, nossa cultura e nossa perspectiva de futuro. Inserir um herói em processos históricos como colonização, bandeirantismo, independência ou em periodos mais recentes como a luta pela democracia também é bem difícil.
    Concordo com você quando cita o Tropa de Elite, foi o que se chegou mais perto de nossa identidade e realidade nacional.
    Acho que o que falta são nossos escritores e crônistas criarem um bom roteiro para uma HQ, que temos grandes artistas que darão conta do recado na parte do desenho.

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    1. Perfeito, grande Sérgio.
      Artistas de peso não nos falta de jeito nenhum, mas 'cabeças pensantes', que não se prendam a um modelo estrangeiro ( que funciona muito bem lá ) nem a coisas quaaaase plagiadas está em falta faz tempo...
      O que diferenciava as histórias da Marvel - além de excelentes desenhistas - eram roteiristas talentosos: as sagas do Punho de Ferro, do Clube do Inferno, da Fênix Negra, da Electra com o Demolidor etc etc etc são clássicos que a turma de hoje nem sonha que existe. Talve, somente talvez, estejam tomando contato com isso agora por causa da internet, que virou uma graden propagadora de idéias ( tanto boas quanto más ).

      E eu citei o Tropa mas não tanto pelo protagonista, que é um psicopata sanguinário ( acho que nem o Justiceiro chegaria a tanto heheheheh )

      Grande abraço e obrigado por participar, Sérgio, continue sempre por aqui! =D

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  3. Concordo com o que vc disse cara e já venho falando isso a algum tempo com meus amigos. Precisamos de heróis nacionais, com cara de heróis nacionais. Achei que Tropa de Elite fez a diferença mesmo e quando terminei de assistir lembro de ter pensado: "finalmente". Menos colã, menos gente loira...

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    1. Falou tudo. Não é porque seria da nossa 'realidade' que obrigatoriamente não poderia ser algo mirabolante, fantástico, sei lá.
      Agora tem também a questão de se criarem personagens que não precisem também, necessariamente, ser do contexto brasileiro - pode ser de algum lugar mítico, imaginário, milenar, de outro mundo, ou um país fictício, são muitas possibilidades, mas pra isso é preciso roteiristas de peso, desenhistas excelentes temos de sobra mas - como eu disse - cabeças pensantes tá em falta total ( ando lendo algumas coisas nacionais e sinceramente... quanta pobreza narrativa... desisto sem nem terminar de ler a história toda.. ) Vamos ver o que o futuro nos aguarda.
      Obrigado por participar, Fabrício. Valeu pela força e volte sempre. =)

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    2. legau estas galerias sao bastantes espresivos os dezenhos pena que nao comsequi postr ums dos meos, por emquanto estao somente em meo facebook

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