3 de nov. de 2014

Mestres do Desenho - Carl Barks, o 'Homem dos Patos'

Passei minha infância lendo e relendo, em intermináveis tardes, várias edições de um gibi chamado "Disney Especial", o qual eu era fã incondicional e colecionador. Quem passou pela década de 80 sabe do que estou falando. Mas minha paixão por este gibi ( um gibi grosso, compilação de várias historinhas Disney com temáticas definidas como 'Os Cosmonautas'; 'Os Ricaços'; 'Os sortudos' etc etc etc e por aí vai...) se devia quase que exclusivamente por um determinado traço, uma determinada qualidade gráfica, com um desenho bem clássico e , lógico, roteiros muito inteligentes e bem definidos, e se, numa edição do Disney Especial não houvesse pelo menos uma historinha daquelas eu não comprava o gibi.

Eu nem imaginava o nome do artista daquelas páginas, o qual ficou numa certa 'obscuridade' por décadas, já que, como tudo levava a "grife" Disney, sempre se achava que tudo provinha da mente do criador da Disneylandia.

Seu nome era Carl Barks (MerrillOregon27 de Março de 1901 — 25 de Agosto de2000, conhecido posteriormente pelo apelido de 'O homem dos patos'. Personagens como Tio Patinhas; os sobrinhos Huguinho , Zezinho e Luisinho; Professor Pardal; Irmãos Metralha entre outros foram criações exclusivamente dele.
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Carl Barks, apesar de ser um homem de pouco estudo, possuia uma inteligência e criatividade aguçadíssimas para compor histórias extremamente originais. Seu humor refinado, crítico e ácido por vezes lhe causou problemas com os editores, porque algumas temáticas eram um pouco pesadas para a época ( e uma época cheia de moralismo, diga-se de passagem ), e muitas vezes tinha que reescrever as historinhas para que ficassem mais palatáveis, digamos assim, para o público infanto-juvenil e muitos pais, que frequentemente protestavam contra o teor 'explosivo' de algumas histórias. Penso o quanto que ele poderia, na nossa era moderna do 'politicamente correto',  também ser censurado...


Lembro-me de uma delas, escrita na década de 50, onde os patinhos quebram, sem querer, um vidro contendo éter, no porta malas do carro e faz com que Donald fique "doidão", tendo visões alucinógenas. Pra época, mais do que subversivo.

A lenda do Holandês Voador
Usava e abusava da revista National Geographic - que era fonte de inspiração constante - para compor os inúmeros cenários das aventuras e trapalhadas da famíla dos patos. Assim fiquei conhecendo o estreito de Gibraltar, as areias escaldantes dos desertos de Gobi e do Mojave, a península arábica entre outros tantos lugares exóticos deste nosso planeta, além de tantas lendas como o 'Holandês Voador', o 'Monstro do Loch Ness', o 'Sasquatch' ( pé-grande ), 'Jasão e o Velo de Ouro' etc entre muitas outras mais.  O cara era uma verdadeira usina de idéias e criatividade, além de ser um excelente pintor.


"O autor de quadrinhos Will Eisner chamou-o de "Hans Christian Andersen dos quadrinhos". e


"...No mês seguinte, trabalhando a partir de casa, passou a colaborar regularmente com a Western Publishing, que editava os quadrinhos do Pato Donald. A editora mandou a ele um argumento de HQ, que ele devia desenvolver. Percebendo alguns "furos" no roteiro, Barks escreveu de volta perguntando se poderia fazer modificações. Diante da resposta positiva, deu o seu estilo à trama, o que lhe valeu um convite para escrever uma história e desenhá-la. A partir daí, iniciou um trabalho que produziu, ao longo de 25 anos, mais de 6 mil páginas e 500 histórias."

Barks fez uma reestilização do pato, arredondando seu corpo e diminuindo o bico, e imprimindo um estilo mais alegre."
Para saber mais:

Ou seja, somente um gênio criador consegue proezas assim.


Se você, amigo leitor-visitante deste humilde blog, gosta de HQ's e não se importa de ser um pouco criança novamente e gostaria de ter contato com a arte de Barks, conhecer seu trabalho e - quiçá - enriquecer um pouco mais seus conhecimentos, há uma coleção lançada pela Disney chamada "As Obras Completas de Carl Barks".

Nos blogs A Gibiteca e Tralhas Várias poderá encontrá-la em formato .cbr ( extensão de comics, necessário um leitor de HQ virtual como o CDisplay para isso )





Uma das Harpias de "Jasão e o Velo de Ouro"
Com esta postagem, quero externar um singelo agradecimento e homenagem póstumos a esse gênio dos quadrinhos por ter me proporcionado tantas horas de entretenimento e diversão. Enquanto o mundo for mundo, ficará eternizado, para mim, como o maior artista da Disney de todos os tempos.

Espero que tenham gostado.

Um abraço
Betto Coutinho

6 comentários:

  1. As aventuras que ele criava eram diversão pura, não dava para desgrudar do gibi enquanto não terminasse, até meu pai já comentou que quando era criança também lia os almanaques e ficava imaginando como eram aquelas paisagens espetaculares que desenhava. Que saudades...

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    Respostas
    1. Grande Sérgio, obrigado por participar, amigo. Realmente o Barks é um fenômeno, eu digo É pq o que é bom não morre jamais - já notou que as histórias dele são meio que atemporais? Hiper antigas mas parecem atuais, incrível. Eu de vez em quando ainda leio no meu tablet, baixei aquela coleção da Disney que eu citei no post e sempre carrego comigo hehehe
      Um grande abraço , amigo. Volte sempre a casa é sua.

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  2. Boa tarde amigo,
    Muito bom o post, o homem dos patos merece.
    E obrigado pela citação
    Abs

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  3. Meu amigo, eu que agradeço a visita e seu hercúleo trabalho de digitalizar essas HQ's todas.
    Vida longa à Gibiteca!!!!!! Volte sempre

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