AVISO DE POST EXTENSO
Tenho visto muito falatório e muita polêmica sobre o uso de IA em obras artísticas no audiovisual em geral. Os ânimos acirrados não deixam de ter sua razão, pois sempre se fala em apropriação de obras de terceiros, violando copyrights a torto e a direito.
Lembremos que toda a produção humana, em matéria de arte ( que é o tema deste post ) é baseada em compilações de obras de terceiros e isso vem de séculos ( até milênios ), ou como preferimos dizer - inspirações .
Vemos isso na literatura, música, desenho, pintura, escultura etc etc. Já falei sobre isso no blog , de se ter uma personalidade única em suas criações, embora todo o portifólio tenha passado por milhares de "inspirações", pois nos espelhamos em nossos mestres para chegar à excelência de seu talento e muitos chegam a suplantá-lo, prova cabal de que se passou de um copião para um criador ( ja abordei isso também neste post ).
Me cito como exemplo: como desenhista sou um ótimo copião ( reproduzo com certa fidelidade o que eu vejo ) mas não sou criativo, de trazer ao mundo material do papel ou tela as muitas idéias que me pipocam na mente, por preguiça ou por falta de estudo .
Com a IA acontece algo similar só que com a diferença de que ela só sabe criar a partir do que já está criado, não importa o quão espetacular seja a arte "criada" por ela. E material de pesquisa existe às toneladas na web, daí questionar-se a legitimidade dela.
Lembrando que o elemento humano está lá: alguém teve que ordenar à máquina o que ele queria que ela fizesse.
Agora, com toda a sinceridade , a arte gerada por IA é realmente bonita e extasiante em muitos casos ( eu mesmo sou fã ) tanto quanto a questão de copyrights de obras autorais , deve-se levar em conta se a arte humana se tornará obsoleta ou não futuramente.
Já é ponto pacífico que a IA "roubará" muitos empregos - atendo-nos pelo menos à área de audiovisual: Jingles musicais, obras sinfônicas, desenho, pintura, ate mesmo no cinema com a substituição de profissionais da área de efeitos especiais à dublês ( quem vai correr o risco de um ator acidentado e as consequências disso?)
O escritor Yuval Harari em seu excelente livro Homo Deus narra como músicos foram enganados quando apresentados a obras de música clássica 'originais' e como posteriormente se decepcionaram ( alguns se enfureceram ) ao descobrir que se tratava de IA.
Ao que eu saiba ( ate a data dest POST ) a IA precisa ser , digamos, direcionada ao que se quer que ela produza, aí entram em cenas os chamados ' prompts' , que são instruções e comandos do que ela deve gerar.
Confesso que é meio assustador o nível de perfeição que a IA tem chegado e será quase impossível distinguir uma arte sintética de uma arte humana.
Músicas geradas por IA estão com um nível absurdo de perfeição e nem me refiro a parte instrumental ,porque isso os sintetizadores já fazem há décadas, mas à qualidade vocal de seus "intérpretes " . Quase não dá pra diferenciar de um intérprete humano a não ser por conta da dicção de certas palavras - pelo menos ainda.
Sobre isso o colunista Matteo Ratini, do site Hyperallergic, expressa com maestria o funcionamento da criação de uma arte a partir de prompts de IA e linguagem de máquina
“A IA reflete como nosso cérebro funciona de uma maneira muito simples”, disse Rattini à Hyperallergic. “Você o alimenta com muitas informações sobre árvores, por exemplo, e quando chega a hora de desenhar uma árvore, não apenas sua ideia de uma árvore é informada por todas as árvores que você viu, mas enquanto você a desenha, seu o cérebro está constantemente julgando através de seus olhos e dando feedback em tempo real sobre como compensar e ajustar.”
“Embora ver imagens de um espetáculo que você ainda não assistiu possa estragar a experiência, os algoritmos e estratégias empregados pelas mídias sociais no gerenciamento de conteúdo estão atuando em um nível mais profundo, mudando e remodelando a percepção da arte em si.”
Manuela Rodriguez, do site Shutterstock conclui:
"Continuaremos a ver a IA criar imagens derivadas e, para o prazer humano, – muitas vezes com um humano envolvido. Essas imagens se assemelharão cada vez mais a obras de arte que vemos todos os dias, até chegarmos a um ponto em que a arte gerada por IA não será diferente da arte gerada por humanos.
E, talvez em um futuro distante, veremos a IA criar para seu próprio prazer também. Essa arte pode acabar não se parecendo em nada com o que nós, como humanos, apreciamos, esperamos ou consideramos arte atualmente. Se isso assusta ou anima você – ou ambos! – vale a pena refletir sobre o assunto."
Uma rápida pesquisada no google dará uma dimensão de como os artistas, de forma geral, estão inconformados com o uso de IA onde foram constatadas violações em suas obras.
Dando a mão à palmatória, a arte gerada ( palavra exata ao que a IA faz ) é realmente de uma beleza cativante e perfis no instagram e sites como Pinterest, por ex. não me deixam mentir, sem falar nos canais no Youtube que geram músicas de todos os gêneros com uso de IA.
A última polêmica , até a data deste post, envolvendo conteúdo artificial, gira em torno de Tilly Norwood, atriz gerada por IA que está deixando Hollywood em pé de guerra contra o uso de tecnologia sintética no cinema ( outra expressão para IA )
Não vou me delongar no assunto, até porque na era da internet as notícias tornam-se velhas em questão de horas, mas vocês poderão conferir nas matérias no fim do post.
Concluindo - esse tema ainda vai dar muito pano pra manga até sagrar-se ( ou não ) como mais uma opção no vasto conjunto de criação do ser humano neste mundo.
Termino com algumas artes geradas por IA, tirem suas conclusões
Imagens obtidas do Google, Pinterest e Instagram, desta vez não me darei ao trabalho de listar nomes, afinal, não há artistas de fato nestes trabalhos e, por se tratarem de compilações geradas a partir das obras de outrem, encontrar os verdadeiros artistas seria impossível .
https://hyperallergic.com/667011/art-of-ai-matteo-rattini-eerily-real-computer-generated-sculptures/
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